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Foto: Adonias Silva/Arte/G1 |
Famílias tentam lidar com a perda dos entes queridos e não desistem de lutar pelo nome das vítimas do acidentes náutico. Naufrágio de rebocador no rio Amazonas deixou nove mortos em agosto de 2017.
Uma história, nove famílias e 365 dias depois de uma tragédia - o naufrágio no rio Amazonas que vitimou nove tripulantes de um rebocador de balsas -, a dor daqueles que ficaram ainda é intensa e a busca por justiça ganha força cada vez mais com o passar do tempo.
Partiram sem se despedir deixando familiares, filhos, esposas, amigos e conhecidos apenas com as lembranças dos bons momentos. A ausência é sentida diariamente, seja quando se sentam à mesa e veem uma cadeira vazia, ou no quarto quando o espaço na cama já não é mais preenchido.
Às mães cabe um papel fundamental ao tentar explicar aos filhos pequenos porque as figuras paternas, de uma forma rápida, tiveram de partir. Os dias passam e a vida, obrigatoriamente, segue. Contudo, as famílias não desistem de cobrar explicações sobre o naufrágio e clamam para que a justiça seja feita.
“Apesar de ter passado um ano, para nós é como se tivesse sido ontem. O sentimento ainda é de muita tristeza e de espera. Para nós, é como se nosso irmão estivesse viajando e fosse chegar a qualquer”, disse Waltenes Rego, irmão de Dárcio Vânio, uma das nove vítimas do acidente.
Para o Waltenes, infelizmente as famílias sabem que a realidade é outra e elas tentam dar a volta por cima nessa situação que se arrasta durante todo esse ano. “Voltar ao trabalho, dar seguimento as nossas vidas continua sendo muito difícil”, completou o irmão da vítima.
Da notícia à despedida justa
A maioria das famílias não ficou sabendo do naufrágio de forma oficial pela empresa dona do rebocador. Segundo eles, a notícia se espalhou de forma rápida por redes sociais e as informações desencontradas abriram feridas que ainda não cicatrizam, uma vez que a notícia pegou todos de surpresa e abalou cada membro familiar.
As buscas começaram, os dias passaram e a angústia aumentou. Do acidente ema agosto ao dia que o rebocador fosse içado em dezembro, as famílias recorreram às orações, à justiça e ao apoio de umas as outras para se manterem firmes.
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Retirada do rebocador do Rio Amazonas aconteceu em Dezembro de 2017 (Foto: Débora Rodrigues/Tv Tapajós/ Arquivo) |
“Foi doloroso porque a gente não tinha certeza, não sabíamos se eles estavam vivos ou não, então aumentava a angústia a cada dia. Depois que os corpos foram encontrados aumentou mais ainda porque tivemos a certeza da triste notícia da perda”, emocionada e com lágrimas nos olhos contou a filha do cozinheiro do rebocador Juraci Brito, Joyciane Brito.
Com o içamento, localização e identificação dos corpos, as famílias puderam se despedir dos entes queridos de “forma digna, como eles mereciam”. Durante o velório, muita comoção e tristeza. Após o culto ecumênico, os corpos de cinco vítimas foram levados para serem sepultados na cidade onde moravam. Os corpos de quatro vítimas foram sepultados em Santarém.
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Velório coletivo das nove vítimas do naufrágio do empurrador TBL CXX, no Oeste do Pará (Foto: Fábio Cadete/G1/Arquivo) |
Um recomeço
Apesar da perda, as famílias tentam recomeçar as vidas. A viúva de Ivan Furtado, vítima do acidente, disse ao G1 que o marido sempre buscou o melhor para ela e a filha de 3 anos, mas agora ela está buscando alternativas para o sustento familiar.
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Carlena Pereira e a filha de 3 anos tiveram estão fortes nas luta em busca de Justiça pela morte de Ivan Furtado, vítima de naufrágio em Óbidos (Foto: Geovane Brito/G1) |
“Independentemente do que aconteceu, vou lutar sempre. Recebo a pensão previdenciária, vendo alguns produtos, vou me virando. Minha filha estuda, precisa de muitas coisas, e tenho que dar um jeito para conseguir”, disse Carlena Pereira.
Valor dos tripulantes
A operação para retirada dos corpos demorou muito e foi acompanhada mesmo de longe pelas famílias.
“A gente lutou muito para que o rebocador fosse retirado do fundo do rio e o nosso sentimento é que se nós não tivéssemos corrido atrás, ele não seria retirado”, disse Waltenes Rego.
O inquérito da Marinha do Brasil apontou que o irmão de Waltenes, Dárcio Vânio e o outro tripulante, Carlos Eduardo também foram responsáveis pelo naufrágio. Mas para o irmão da vítima, isso não condiz com a verdade porque os laudos do Centro de Perícias Criminais (CPC) revelaram outra coisa.
“Para nós, a falta de força propulsora do motor da embarcação impediu que fosse feita uma manobra precisa. E isso foi decisivo para que o acidente acontecesse. Agora é muito fácil apontar o piloto que já não está entre nós para se defender, como culpado", disse Waltenes.
"Nós queremos justiça e o reconhecimento dos profissionais que morreram”, completou.
Fonte: G1 Santarém
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